sábado, 13 de julho de 2013

Uma narrativa em primeira pessoa, que não narra nada e que quer dizer exatamente o que está escrito e nada mais.

To aqui sentado, olhando vagamente o dia passar. As horas se arrastam e eu só queria um drink ou um cigarro, mas isso aqui é uma droga não tenho dinheiro pra nenhum dos dois, outro dia um homem jogou um cigarro quase que inteiro no chão, aproveitei a oportunidade, saciei meu vicio e tive a sensação que as horas já não se arrastavam como antes. Mas agora to preso aqui e esse calor parece que vai me derreter, credo! Estou molhado de tanto suar e sinto nojo do odor que exala do meu sovaco. Imagino como meu cu deve estar fedido. Eu preciso de um banho, já são quase 15 dias...15 dias, mas pra mim parecem 100 anos. Você está bem, na medida do possível bem e quando menos imagina...será que são 15 dias mesmo, talvez sejam mais, ou menos, sem dúvida menos, não se passou um dia, eu cheguei aqui pela manhã...ou seria tarde...sim era tarde e me encontro sentado sem nenhum cigarro...queria um cigarro pra almoçar, o ar fétido dessa cidade me enjoa.

Minha memória...minha imaginação...meus sonhos, desejos, anseios...tudo isso se fundiu...tentei esquecer, mas tentar esquecer é lembrar e o som da sua voz não sai da minha cabeça, e a única coisa que consigo pensar é no maldito cigarro...quero fugir da sua voz...o cigarro...cigarro...sua vaca estupida...cigarro...deve estar morta, apodrecendo, os vermes....cigarro, só um, só um....o amor...o amor é feito de coisas banais...quero que você morra porque eu te amo, mas você é uma vaca estupida e eu sou um bode....o bode fedido e a vaca estupida, chamem as crianças, quero comer o figado delas.

Não sei onde te conheci, mas eu criei na minha cabeça, a realidade pra mim não basta...(o que é real?) Eu imagino você sentada no cemitério, chorando, ai eu chego, a gente se olha, eu te dou uma flor e você canta pra mim, ai você tira a roupa e pede pra eu tirar a minha....esse foi meu primeiro grande ato de amor.

Eu queria morrer, mas não sei onde morrer...não quero uma morte insignificante, vazia...toda a existência é vazia, mas a morte não, a morte é linda...como eram aqueles versos belos...da morte o ultimo sopro...o ar...enfim não sei, mas a morte é poética, bem mais poética do que toda a vida e se tem alguma coisa que faz sentido é a morte...e se a morte não existisse seria impossível viver, não teria espaço...e eu teria que te aguentar. Mesmo te amando, uma eternidade é muito para qualquer amor.

Eu sofri tanto, sofri, sofri e sofri, mas eu sou o grande culpado, eu mereço todo sofrimento, mereço estar aqui preso nessa sala quente, suando, fedendo, sem meu cigarro, sem saber se o tempo se arrasta ou corre...foi sempre assim, tenho certeza que nasci nessa cadeira, nasci fedendo já, cheio de sebo em todas as partes do meu corpo...ontem tive tanta fome que comi meu dois dedos mindinhos...um mindinho não serve pra coisa alguma...você pode colocar um anel no anelar, você pode estimular sexualmente alguém com o dedo do meio, o indicador aponta, o polegar transforma a mão na ferramenta perfeita, agora o dedo menor não serve pra nada, então comi...e fiquei satisfeito...dor e prazer...na hora doeu, mas o alivio da fome, o alivio da dor, isso foi quase como encontrar Deus...se algum Deus existisse.Talvez em algum lugar exista algum Deus...se eu tivesse uma faca eu abriria minha barriga procurando por um....

Estou preso a cadeira, mas não tem nenhuma amarra, não tem nada que me prenda nela, mas eu não consigo sair..simplesmente não posso....bem na minha frente vejo uma janela e sinto o ar que vem dela na minha face...quero ir até lá, mas não posso...quero um cigarro...na janela pode ter o cigarro...e se não tiver eu terei me levantado...Que barulho é esse? A canção....vaca estupida...meu amor...eu te machuquei, mas eu te amo...isso canta pra mim canta...vem me buscar...vem..sim
 eu vou
               vou
                         vou
                   



                                                         É o fim.......................................
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Se perguntarem pelo bode.......o bode.............no fim..........fim...nalmente...a vaca estupida...eu precisava dizer antes de partir que....não da mais...não tenho tempo...é o fim...vou feder...vou partir...doce cheiro de flores...meu tumulo...o cigarro...sim cigarro...


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